
Em 1905, Alfred Binet e seu colega Theodore Simon a pedido do ministro da Educação da França desenvolveram um teste de raciocínio verbal e matemático, inicialmente com questões que testariam a memória e o potencial de resolver problemas de lógica. Este teste ficou conhecido como a escala Binet-Simon.
O principal objetivo deste teste seria identificar quais crianças vindas do interior do país teriam uma tendência maior a enfrentar problemas na escola, sendo que isso possibilitaria que o governo oferecesse uma educação especial a essas crianças. Em princípio, os autores dessa escala assumiram que os baixos resultados nos testes indicavam a necessidade da intervenção dos professores no ensino desses alunos e não necessariamente que esses tivessem inabilidade de aprendizagem.
O teste em si resumia-se a uma série de perguntas, de forma a investigar os conhecimentos da criança submetida em relação a informações gerais: seu vocabulário, habilidades aritméticas, capacidade de memorização, capacidade de captar similaridades entre dois elementos, bem como de resolver problemas lógicos. Depois de obtidas as respostas as mesmas eram pontuadas de forma a obter-se um número, que deveria expressar o nível mental da criança.
No seu artigo New Methods for the Diagnosis of the Intellectual Level of Subnormals, Binet relata: “Em 1912, William Stern propôs o termo ‘QI’ (quociente de inteligência) para representar o nível mental, e introduziu os termos ‘idade mental’ e ‘idade cronológica’.” Stern propôs que o QI fosse determinado pela divisão da idade mental pela idade cronológica. Assim uma criança com idade cronológica de 10 anos e nível mental de 9 anos teria QI 0,9, porque 9 / 10 = 0,9.
A princípio este teste revolucionou o que se entendia como sendo a inteligência, pois até então o intelecto humano era concebido com base no conceito da tabula rasa, defendido especialmente pelo filósofo inglês John Locke (1632-1704) que concebia o intelecto humano como sendo uma folha em branco que iria sendo preenchida durante a vida.
Embora muito utilizado até hoje, devemos enfatizar que uma das principais falhas apontadas por especialistas no campo cognitivo para este tipo de teste é que a cultura de modo geral influenciaria radicalmente no resultado do mesmo, pois dificilmente uma pessoa criada no ocidente obteria um bom resultado em um teste com base na cultura oriental ou vice-versa. Além disso, o teste baseava-se quase que inteiramente na capacidade de interpretação lingüística e capacidade de resolver problemas, logo, desconsidera outras possíveis aptidões cognitivas da pessoa.
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